Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas no mundo todo vivem com depressão. No Brasil, cerca de 11,5 milhões dos habitantes foram diagnosticadas com a doença. Outro problema de saúde mental atinge uma boa parcela dos brasileiros: Em 2017, 18,6 milhões de brasileiros sofriam de ansiedade, número que beira os 10% da população nacional. Segundo a OMS, o Brasil é o país que concentra a maior “população ansiosa” em todo o mundo.
Muito confundidos e até manifestados simultaneamente, depressão e ansiedade são dois problemas de saúde mental diferentes quando o assunto é causa, sintoma, tratamento e fatores de risco. Apesar disso, o tratamento das duas doenças são semelhantes – e necessitam sempre do acompanhamento de um profissional qualificado.
A importância de saber identificá-las e diferenciá-las é simples: saber como agir caso você ou uma pessoa próxima sofra com uma dessas doenças. Compreender sobre o assunto livra de preconceitos construídos por opiniões infundadas e colabora para um tratamento rápido e eficaz.
DEPRESSÃO
Segundo um estudo epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde, a depressão é um problema médico grave que afeta a saúde mental do ser humano. O transtorno pode começar em qualquer idade, mas o aparecimento é mais comum na terceira década da vida, prevalecendo ao longo da vida em 20% das mulheres brasileiras e em 12% dos homens brasileiros.
CAUSAS DA DEPRESSÃO:
- Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético. Estima-se que esse componente representa 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;
- Bioquímica cerebral: há evidências de deficiência de substâncias cerebrais, chamadas neurotransmissores, como a noradrenalina, a serotonina e a dopamina, que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor;
- Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que têm uma predisposição genética a desenvolver a doença.
FATORES DE RISCO:
- Histórico familiar;
- Transtornos psiquiátricos correlatos;
- Estresse crônico;
- Ansiedade crônica;
- Disfunções hormonais;
- Dependência de álcool e outras drogas;
- Traumas psicológicos;
- Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
- Mudança brusca das condições de vida e de rotina.
SINTOMAS DA DEPRESSÃO:
- Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditam que perderam a capacidade de sentir prazer ou alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, relatando “falta de sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos e fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro. Percebem as dificuldades como insuperáveis, podendo surgir pensamentos suicidas.
- Lentidão motora, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo. Pensamento atrasado, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
- Insônia ou sonolência. A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;
- Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carboidratos e doces;
- Redução do interesse sexual;
- Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.
COMO IDENTIFICAR A DEPRESSÃO:
Para identificar a depressão é preciso um diagnóstico clínico, feito por um médico psiquiatra especializado, que irá coletar informações sobre a situação atual e o histórico do paciente, para então realizar exames sobre o estado da sua saúde mental. Não existe exames laboratoriais para identificar e apresentar o diagnóstico da depressão.
Tipos de Depressão:
- Distimia: Quadro mais leve e crônico. Os sintomas estão presentes na maior parte do dia (geralmente todos os dias) por, no mínimo, dois anos, como queixas de cansaço e desânimo durante a maior parte do tempo. Se mostram pessoas excessivamente preocupadas. Alterações de apetite, libido e psicomotoras não são frequentes, sendo mais comuns sintomas como letargia e falta de prazer pelas coisas que antes eram prazerosas. Na maioria dos casos, começa na adolescência ou no início da vida adulta;
- Depressão endógena: Predominância de sintomas como perda de interesse ou prazer em atividades normalmente agradáveis, ausência de humor, lentidão psicomotora, queixas de esquecimento, perda de apetite e perda de peso, além de desânimo e tristeza frequentes;
- Depressão Atípica: Apresenta uma inversão dos sintomas: aumento de apetite e/ou ganho de peso, sonolência, sensação de corpo pesado, sensibilidade exagerada à rejeição, responde de forma negativa aos estímulos ambientais;
- Depressão sazonal: Prevalece no outono/inverno, regredindo na primavera, sendo incomum no verão. Por isso, é mais comum entre jovens e adultos que vivem em maiores latitudes. Os sintomas mais comuns são apatia, inatividade, isolamento social, diminuição da libido, sonolência, aumento do apetite e/ou ganho de peso. A identificação é dificultada, já que episódios devem se repetir por dois ou mais anos consecutivos, sem quaisquer episódios não sazonais entre eles;
- Depressão psicótica: É um quadro grave, caracterizado pela presença de delírios e alucinações. Os delírios são representados por ideias de pecado, doença incurável, pobreza e desastres iminentes. Pode apresentar alucinações auditivas;
- Depressão secundária: Associadas ou causada por doenças pela presença de outras doenças, geralmente graves, ou por uso medicamentos;
- Depressão Bipolar: A bipolaridade geralmente inicia com um episódio depressivo (quanto mais precoce o início da depressão, maior a chance de que o indivíduo seja bipolar). História familiar de bipolaridade, de depressão maior, de abuso de substâncias, e transtorno de ansiedade são indícios de evolução bipolar.
TRATAMENTO DA DEPRESSÃO
O tratamento da depressão é feito com medicamentos e acompanhamento psicoterapêutico. O medicamento depressivo é escolhido com base no tipo da depressão, grau de evolução da doença e no histórico de vida do paciente. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 90% dos pacientes apresentam remissão total com o tratamento antidepressivo. Se o tratamento for abandonado por conta própria ou feito o uso inadequado da medicação, a doença pode se tornar crônica.
ANSIEDADE
Mesmo sendo um sentimento comum durante diversas situações do nosso cotidiano, a ansiedade não é somente uma emoção aflorada: é caracterizada como um problema de saúde quando sintomas específicos se apresentam em excesso. Isso prova a caracterização da doença como um transtorno de saúde mental pela Organização Mundial da Saúde.
SINTOMAS DE ANSIEDADE:
- Medo constante: A sensação perigo enxergada e sem um motivo aparente, podendo aparecer de modo inesperado, é um dos principais sintomas. Os medos podem variar de acordo com cada pessoa. Porém, alguns são bastante frequentes em casos de ansiedade, como sair de casa ou estar em lugares públicos, temor com compromissos (relacionados a relacionamentos, empregos, estudos). O medo também pode estar relacionado a um trauma passado que, inclusive, pode ser a causa do transtorno;
- Dificuldade para dormir: Dificuldade de desconectar o pensamento dos problema, sendo comum que sinta dificuldade para dormir ou relaxar. Qualquer situação aparentemente simples ou cotidiana, assim como as tarefas a serem feitas no dia seguinte, podem ser o motivo para que perca seus momentos de lazer e descanso;
- Sintomas físicos: Alguns sintomas físicos são comuns, como enjoo (com ou sem vômito) tremores, palpitações, diarreia, suor excessivo, tontura, entre outros. Alguns desses sinais são desencadeados quando o corpo sente que algo não vai bem ou quando há uma situação de aparente perigo, causando reações físicas do cérebro;
- Dificuldade de socialização: O isolamento é comum nos sintomas de depressão, mas também aparece nos casos de transtorno de ansiedade pelo simples temor de ambientes desconhecidos, públicos ou cheios, por exemplo;
- Estresse: a alteração no humor é frequente, já que a reação agressiva é comum em casos de medo.
CAUSA DA ANSIEDADE
- GENÉTICA: Acontece em caso de histórico familiar de transtornos de ansiedade. Em outras palavras, é possível que os nosso genes guardem informações que nos deixem mais suscetíveis à ansiedade;
- EVENTO TRAUMÁTICO: Um acidente grave, um assalto, um evento climático ou algum acontecimento que fique marcado pode desencadear um problema psicológico, evoluindo ao quadro de ansiedade;
- DISTÚRBIOS HORMONAIS: As mulheres estão mais propensas às crises de ansiedade, pois estão mais sujeitas a oscilações hormonais, principalmente no período menstrual. Esse é um fator que pode justificar, inclusive, a ocorrência de crises em gestantes. Os sintomas podem ou não desaparecer após o parto;
- ABUSO DE SUBSTÂNCIAS: O uso recorrente de substâncias como álcool, cigarro, alguns medicamentos e, principalmente, drogas ilícitas, pode acarretar em transtorno de ansiedade.
FATORES DE RISCO:
- Histórico familiar;
- Gênero;
- Trauma na infância;
- Doenças crônicas ou graves;
- Personalidade;
- Problemas de relacionamento;
- Abuso de drogas;
TRATAMENTO PARA A ANSIEDADE
Assim como a depressão, o tratamento de ansiedade é feito com acompanhamento psicológico e psicoterapêutico e a base de medicamentos, chamados ansiolíticos. Esses medicamentos possuem efeitos calmantes tanto para o cérebro quanto para os efeitos físicos, como relaxamento muscular, controle de tremores, controle de sudorese, entre outros. Além disso, recomenda-se a prática de atividades que trabalhem a mente e que acalmem como atividades físicas, meditação e alimentação saudável.